O setor elétrico vem quebrando paradigmas com a evolução tecnológica e entrando cada vez mais no universo 3D (descentralizado, descarbonizado e digitalizado). Um dos grandes avanços foi a geração distribuída (GD), regulamentada pela Resolução Normativa n. 482/2012 com alterações da n. 687/2015 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). É uma boa alternativa para quer quem gerar a sua própria energia e ser autossuficiente, ficando livre das oscilações de preços praticados pelas distribuidoras. Na GD o consumidor também é um gerador de energia renovável (biomassa, eólica, solar), por meio de micro ou miniusinas até 5MW. O uso de energia solar decolou com essa modalidade de geração e consumo de energia, que pode ser no próprio local ou em outra unidade consumidora (UC). No consumo remoto, geram-se créditos de energia (se a geração ou maior do que o consumo) para outra UC de mesmo CPF ou CNPJ, desde que seja da mesma área de concessão, a ser utilizados em até cinco anos.
No Brasil, 395.705 unidades consumidoras produzem a sua própria energia, totalizando quase 5GW de potência instalada. O crescimento da GD é exponencial, mantendo-se em alta, inclusive em período de pandemia. No primeiro semestre de 2020, apresentou um crescimento de mais de 70%. Na Paraíba, de acordo com os dados atualizados da ANEEL, são 6.413 unidades consumidoras com GD. Um total de, aproximadamente, 90 MW de potência instalada, número aquém da sua potencialidade e do mercado de empresas que vendem e instalam energia solar em solo paraibano. A Paraíba, se comparada a outros estado do Nordeste, fica atrás de Pernambuco, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.
De acordo com a especialista em regulação das energia renováveis, Priscilla Maciel, “a Paraíba é considerada o “Saara brasileiro”. Se tivéssemos incentivos poderíamos crescer muito mais. A exemplo de Minas Gerais que isenta o ICMS do crédito de energia gerado pelas micro ou miniusinas geradoras acima de 1MW. Se não houver esse incentivo, dificulta a geração compartilhada, por meio de cooperativas e consórcios, que necessitam de mais potência. Atualmente, quase 1 quarto das unidades consumidoras com GD estão no Estado de Minas”.
No entanto, vale salientar, que na Paraíba, foi criada a primeira cooperativa de energia solar do Nordeste. A Coopsolar – Cooperativa de Energia Solar constrói usina para disponibilizar créditos da energia entre os seus cooperados. De acordo com Gláucia Pereira, engenheira eletricista, sócia da empresa GENS Energia e uma das idealizadoras da Coopsolar, “a cooperativa tem muita perspectiva de crescimento por ser a energia um produto essencial, com excelente lucratividade e risco baixo. Mas é necessário a participação de investidores para acelerar o crescimento.” A Coopsolar está em operação com duas usinas de microgeração, com grandes perspectivas de crescimento e novas usinas a serem construídas.”Um das usinas está em Praia Bela, litoral sul da Paraíba.
De acordo com Gláucia, “esse modelo é vantajoso, por exemplo, para quem mora em apartamento, de aluguel ou simplesmente aqueles que desejam, mas não possuem área suficiente para instalação das placas. Além disso, a geração compartilhada reduz custos devido à compra coletiva e em grande escala. É sem dúvidas, um produto sustentável e isento da inflação energética.”