O São Paulo é campeão de tudo! O São Paulo de três Mundiais de Clubes, três Conmebol Libertadores, uma Copa Sul-Americana, seis Campeonatos Brasileiros e 22 Campeonatos Paulistas agora também é o São Paulo da Copa do Brasil. Histórico, o Tricolor conquistou o grande título que faltava em sua galeria ao empatar por 1 a 1 com o Flamengo, neste domingo, no Morumbi, encerrando o jejum numa competição que só trazia dores ao torcedor tricolor – a maior delas em 2000, numa ferida deixada pelo vice-campeonato contra o Cruzeiro, num gol sofrido nos minutos finais.
A espera, porém, acabou! Numa campanha que passou por Ituano, Sport, Corinthians e Palmeiras, o São Paulo bateu na decisão um Flamengo que tinha craques, mas não a força de um Morumbi lotado: depois da vitória no jogo de ida, no Maracanã, o Tricolor saiu atrás quando o Rubro-Negro marcou com Bruno Henrique, mas, empurrado pela torcida, encontrou o gol do título com Rodrigo Nestor. Mais de 63 mil torcedores no Morumbi e outros tantos milhões espalhados pelo Brasil e pelo mundo podem gritar de peito aberto: o São Paulo voltou! O São Paulo é campeão de tudo! O São Paulo, inclusive, é o primeiro brasileiro garantido na Libertadores de 2024.
O herói da final!
A campanha do São Paulo teve momentos marcantes: eliminar os rivais Palmeiras e Corinthians, por exemplo, é para poucos. Na decisão, porém, quem brilhou foi Rodrigo Nestor, cria de Cotia. Autor da assistência para Calleri fazer o gol da vitória no jogo de ida, por 1 a 0, no Maracanã, Nestor fez o golaço do alívio são-paulino no fim do primeiro tempo no Morumbi, pouco depois do gol do Flamengo e num momento em que o Tricolor não estava bem em campo. É a afirmação de uma das maiores joias recentes do clube, que se declarou à torcida na comemoração.
Grana no cofre!
O título da Copa do Brasil traz, além do reconhecimento esportivo, um prêmio de R$ 70 milhões pago pela CBF. Na soma de todas as fases, o São Paulo leva mais de R$ 88 milhões para casa, valor que traz alívio ao fim de ano do clube.
Fala, Dorival!
O destino não abriu mão da ironia ao definir a história do campeão da Copa do Brasil de 2023: colocou o técnico Dorival Júnior, o comandante do São Paulo nessa conquista até então inédita para os paulistas, para vencer o Flamengo, o clube que o dispensou no fim da temporada passada mesmo após ele ter vencido a Libertadores e a própria Copa do Brasil. Contratado em abril pelo São Paulo, Dorival mudou o destino do clube, apostou nas copas e, apesar da eliminação na Sul-Americana, manteve a força da equipe rumo ao primeiro título tricolor no torneio. No fim, ainda consolou os jogadores do Flamengo, que nutrem grande carinho por ele.
Fala, Gabigol!
Camisa 10 do Flamengo lamenta mais um título perdido em 2023 e dispara: “Não plantamos muita coisa, colhemos nada”. O Rubro-Negro perdeu Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Carioca, Libertadores e Copa do Brasil. Resta apenas o Brasileirão, no qual o Fla está a 11 pontos do líder Botafogo.
Chora, Lucas!
Lucas Moura voltou ao São Paulo para ser campeão 11 anos depois. O camisa 7 deixou o clube logo depois de conquistar a Sul-Americana em 2012 e, neste período, o São Paulo só havia vencido um Campeonato Paulista em 2021. O retorno da cria mudou rapidamente o panorama: nos quatro jogos que fez na Copa do Brasil, foi decisivo nas semifinais contra o Corinthians e titular absoluto contra o Flamengo.
Primeiro tempo
O Flamengo começou com a postura esperada de quem precisava buscar o gol com urgência – Jorge Sampaoli fez seu time subir a marcação e pressionou a saída de bola com Bruno Henrique, Gerson, Arrascaeta e Pedro. Logo aos 30 segundos, Pedro teve a primeira grande chance e parou em defesa de Rafael. Minutos depois, o primeiro drama: Arboleda, com dores na coxa esquerda, teve de ser substituído por Diego Costa.
Gerson ainda exigiu outra grande defesa de Rafael, após receber de Pulgar e dar um corte em Beraldo, mas, aos poucos, o ritmo rubro-negro diminuiu naturalmente por causa do intenso calor no Morumbi. O São Paulo só foi ter respiro depois dos primeiros 20 minutos, quando conseguiu trabalhar mais a bola e explorar, principalmente, jogadas pelo lado esquerdo com Caio Paulista – num cruzamento vindo daquele setor, Calleri disputou com a zaga e deu o primeiro susto no Flamengo. Depois da parada técnica, o Tricolor confirmou a melhora e teve outras duas boas chances: uma em chute de longe de Wellington Rato, outra num lindo voleio de Lucas que passou raspando a trave direita do goleiro Rossi.
Nesse momento de maior domínio são-paulino, o Fla respondeu com Pedro – que viveu primeiro tempo pouco inspirado, mas quase abriu o placar em finalização de fora da área tentando encobrir Rafael. Aos 43, de novo na pressão, o Rubro-Negro abriu o placar: Pedro lançou Pulgar, que chutou cruzado; Rafael desviou, a bola bateu na trave e voltou no joelho do iluminado Bruno Henrique, autor do 1 x 0. O São Paulo se perdeu por alguns minutos, mas fez o Morumbi explodir nos acréscimos: após falta boba de Ayrton Lucas na lateral, Wellington Rato cruzou na área, Rossi rebateu de soco, e Rodrigo Nestor anotou o golaço que igualou tudo.
Segundo tempo
O Flamengo voltou ligado e quase conseguiu o segundo gol aos três minutos, em chute de longe de Fabrício Bruno após rebote de Rafael na área. O São Paulo, por sua vez, conseguiu na maior parte do tempo impor a velocidade que queria no jogo – mais cadenciado, deixando o tempo passar e muitas vezes voltando a bola até o goleiro Rafael para tentar criar alguma coisa.
Sampaoli só foi mexer no time aos 20 minutos, com Luiz Araújo na vaga de Thiago Maia, deixando o Flamengo ainda mais ofensivo – Dorival respondeu com Gabriel Neves no lugar do pendurado Alisson e Welington na função de Caio Paulista, que saiu com dores musculares. Gabigol só entrou no Flamengo aos 25 minutos, na vaga de Pedro, mas o Rubro-Negro parecia sem forças na reta final – nem Bruno Henrique, o melhor do time em campo, teve pernas para sufocar o São Paulo nos minutos finais. A grande chance de marcar foi com Ayrton Lucas, que saiu da esquerda, cortou para dentro e exigiu grande defesa de Rafael. Nos últimos atos, houve alguma tensão, princípio de briga, expulsão de Gabriel Neves e, enfim, o apito final para o são-paulino comemorar seu primeiro título de Copa do Brasil.
G1 – Foto: REUTERS/Carla Carniel