Adversários nas urnas, Joe Biden e Donald Trump convergiram nos apelos pela união dos americanos, após o atentado contra o candidato republicano num comício em Butler, na Pensilvânia. Mas nenhum deles parece ser capaz de abarcar a outra metade do país sobre a qual não tem controle.
No terceiro pronunciamento em menos de 24 horas, o discurso do atual presidente se mostrou mais do mesmo. Ele ecoou a promessa de sua campanha, quatro anos atrás, de unir os americanos e diminuir a temperatura política.
Da boca do ex-presidente, no entanto, saiu uma mensagem atípica, ao revelar ao jornal conservador “Washington Examiner” a mudança de tom do discurso que fará na quinta-feira (18) na convenção republicana, reescrito, segundo ele, após sobreviver à tentativa de assassinato.
“Esta é uma chance de unir o país inteiro, até mesmo o mundo inteiro. O discurso será muito diferente do que teria sido dois dias atrás.”
É difícil mensurar o peso real dessa mensagem do candidato republicano, que nos últimos anos insuflou, pela retórica, a violência de seus seguidores. Como presidente e agora novamente postulante ao cargo, Trump sempre passou ao largo da contenção e de tentativas de conciliação, contestando o resultado das eleições e sinalizando que agirá da mesma forma, em novembro, se a apuração dos votos não for justa para ele.
Dá então para levar a sério a sua intenção de baixar a temperatura política? Qual Trump emergirá como sobrevivente do atentado de Butler diretamente para a convenção de Milwaukee, que começa nesta segunda-feira?
G1