O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é uma entidade criada em 1934 e está em operação desde 1936. Sua missão é retratar o Brasil através de informações sobre economia, demografia, alfabelização, entre outros.
No entanto, passa por uma crise exposta pelo servidores, contra supostas condutas autoritárias por parte do seu atual presidente Márcio Pochman (petista de carteirinha).
Pochman foi nomeado em agosto de 2024, à revelia de Simone Tebet, ministra de planejamento, que institucionalmente supervisiona o IBGE. A nomeação de Pochmann, feita por Lula pessoalmente, foi destaque nacional por ser controversa.
Pochmann já presidiu a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e o Instituto Lula. Também foi presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Sua gestão foi criticada internamente por ter supostamente aparelhado o órgão e feito uma administração mais ideológica. Com visão econômica mais heterodoxa, o chefe do IBGE já fez críticas ao Pix, às reformas trabalhista e previdenciária e defendeu a redução da jornada de trabalho.
O sindicato nacional de trabalhadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Assibge, divulgou nota nesta sexta-feira (17) em que afirma que não vai se intimidar com “ameaças vazias”. O sindicato diz que a presidência do instituto joga “combustível” sobre a crise e usa “tom infantil” ao classificar toda discordância como mentira.
O Assibge se refere a uma nota publicada pela presidência do IBGE, informando que “a difusão e repetição constante de inverdades a respeito do IBGE exige posicionamento firme e esclarecedor sobre a realidade dos fatos. São condenáveis os ataques de servidores e ex-servidores, instituições sindicais, entre outros, que têm espaço na internet e em veículos de comunicação para divulgar mentiras sobre o próprio IBGE.”
O comunicado, na íntegra, pode ser vistualizada no link.
Segundo a coluna de Lauro Jardim, no O Globo, na carta, os servidores dão “apoio e solidariedade aos diretores que pediram recentemente a exoneração de seus cargos por não concordarem com as práticas da gestão do presidente do IBGE, Sr. Marcio Pochmann”, a quem acusam de ter “posturas autoritárias e desrespeito ao corpo técnico da casa”. Reclamam também da divulgação na semana passada “de um comunicado à sociedade para desferir ataque inaceitável à integridade ética dos servidores e de seu sindicato”.
O descontentamento maior é com a decisão de Pochmann de criar a Fundação IBGE+, considerada dentro do IBGE uma espécie de organização paralela. Essa fundação tiraria o protagonismo do próprio IBGE na condução das pesquisas do país. Também contam a falta de discussão interna nas decisões do fim do home office e da transferência da sede do IBGE do Centro para a Zona Sul do Rio de Janeiro.
Na carta aberta, os servidores afirmam que “a condução do IBGE com viés autoritário, político e midiático pela gestão Pochmann é a verdadeira causa da crise em que se encontra a instituição. Sua gestão ameaça seriamente a missão institucional e os princípios orientadores do IBGE, na medida em que impõe a criação da Fundação IBGE+ como única alternativa às demandas por recursos financeiros para a realização das pesquisas e projetos que compõem nossa agenda de trabalho.”
É importante recordar que a crise no instituto vem sendo usada pela oposição ao governo Lula. Em dezembro do ano passado, por exemplo, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a taxa de desemprego no Brasil divulgada pelo IBGE é “uma mentira”, questionando o trabalho dos técnicos do IBGE.
Sobre o tema, Wasmália Bivar, economista e ex-presidente do IBGE, diz que “não existe manipulação de dados sem ter técnico envolvido. A gestão técnica está se rebelando porque não acredita que o modelo de gestão do IBGE possa se basear numa captura de recursos que não seja a do Estado brasileiro.” Afirmou ainda que “para manipular dados, é preciso que haja um complô. Precisaria que os técnicos estivessem de algo modo envolvidos. Eles, obviamente, não estão. O presidente recebe o dado no final do dia. Não existe mais possibilidade de mudança.”
Sob a gestão de Pochmann, o IBGE lançou um mapa-múndi em que o Brasil aparece no centro do mundo como parte do 9º Atlas Geográfico Escolar. A versão, no entanto, apresentava uma série de erros. Após críticas, foi corrigido.