Muito antes da Segunda Guerra Mundial (1939-45) começar, Adolf Hitler escreveu e lançou em 18 de julho de 1925 o livro “Mein Kampf” (Minha luta). Já estavam lá suas ideias sobre a superioridade da raça ariana, as intenções contra os judeus e as minorias étnicas e até o sentimento de revanchismo contra a França, que havia derrotado a Alemanha na Primeira Guerra Mundial.
Hitler escreveu o livro na prisão, depois da frustrada tentativa de golpe de estado em Munique, no episódio “Putsch da cervejaria”, em 8 de novembro de 1923. Ele foi condenado a cinco anos, mas teve a pena reduzida para nove meses. Ao escrever o livro, queria que o título fosse “Quatro anos de luta conta mentiras, estupidez e covardia”, mas o editor do Partido Nazista o trocou. Quando Hitler se tornou primeiro-ministro, as tiragens anuais do livro passaram a ser de milhões de exemplares.
No Brasil podemos encontrar a edição on-line traduzida para o português. Em 2016 o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro proibiu a comercialização, exposição e divulgação de “Minha luta” de Adolf Hitler, em todo o estado, conforme decisão do juiz Alberto Salomão Junior, da 33ª Vara Criminal do Rio. Em 07 de fevereiro de 2022, segundo reportagem do site G1, a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro proibiu a publicação, distribuição e circulação do conteúdo parcial ou integral do livro. O projeto de lei — dos vereadores Teresa Bergher e Prof. Célio Luparelli — foi aprovado na Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito Eduado Paes.
No entanto, o “neonazismo” não para de crescer. Em dezembro de 2024, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Trilha do Ódio”, com o objetivo de combater a disseminação de ideologias nazistas por meio de postagens em redes sociais contendo discursos de ódio, além de investigar a comercialização de materiais que fazem apologia ao nazismo.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, foram localizados e apreendidos diversos materiais de apologia ao nazismo, como discos NSBM, bandeiras, patches e outros artefatos contendo símbolos nazistas, além de vestimentas relacionadas a grupos neonazistas, os quais serão submetidos a perícia técnica.
As investigações foram iniciadas após a identificação de um perfil em redes sociais que disseminava conteúdo de apologia ao nazismo, incitação ao ódio e discriminação contra a comunidade judaica, o que configura crime previsto no artigo 20 da Lei nº 7.716/1989, que trata dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
No curso das apurações, foi constatado que o investigado comercializava materiais de propaganda nazista e supremacista branca, em sua maioria discos de bandas NSBM, atuando como um dos principais distribuidores desse tipo de conteúdo no país.
Apesar da operação ter sido deflagrada em 2024, esse assunto não é de hoje. Em janeiro de 2020, o anúncio de um festival chamou atenção das autoridades. Em Canoas (RS), os skinheads (ou “carecas”, como se autointitulam) são ativistas de extrema-direita, muitos deles cultuadores do rock’n’roll, com gêneros que são derivativos do punk rock e do heavy metal. As postagens que chamam para o encontro resultaram numa contraofensiva liderada por militantes de esquerda, que acusaram os organizadores do evento musical de “neonazistas” – o que eles negaram.
Além disso, verificou-se o uso de plataformas digitais para ampliar o alcance da comercialização e da propagação ideológica.
Na última sexta-feira (24), o Ministério Público Federal (MPF) enviou um documento ao Exército, à Polícia Militar e ao município de Curitiba com recomendações para impedir o uso de símbolos nazistas em desfiles cívico-militares na capital paranaense.
A recomendação veio após o MPF investigar o uso de um veículo com uma cruz chamada de Balkenkreuz, principal símbolo utilizado em carros e aviões militares alemães entre 1940 e 1945, no desfile de 7 de setembro de 2023, na capital. O carro teria sido utilizado ao menos outras cinco vezes nos desfiles do feriado da Independência na cidade.
Um plano permanente de capacitação sobre o nazismo e seus símbolos, em parceria com o Museu do Holocausto de Curitiba, foi indicado pelo MPF. O Exército, a PM e o município têm 15 dias, a partir do recebimento da recomendação, para informar as medidas adotadas.
Durante a posse de Trump, Elon Musk se tornou alvo de controvérsia após fazer um gesto durante um comício no primeiro dia do novo governo de Donald Trump. O movimento foi interpretado por muitos como um aceno nazista. Apesar da gravidade da polêmica, o empresário não desmentiu a interpretação. Em vez disso, ironizou as críticas, debochando das frequentes acusações de fascismo dirigidas ao governo Trump.
Entre grupos nacionalistas e supremacistas brancos, a reação foi de celebração. A organização White Lives Matter, conhecida por promover discursos extremistas, publicou um agradecimento direcionado a Musk, mencionando que o gesto simbolizava apoio às suas ideias. “Obrigado por (às vezes) nos ouvir, Elon. A Chama Branca se erguerá novamente”, afirmou uma nota do grupo, que exalta a “superioridade branca” e frequentemente utiliza símbolos e narrativas nazistas.
O trilionário deu seu apoio ao partido de extrema direita AfD por videoconferência em um comício na Alemanha , neste sábado (25), em meio à controvérsia após seu gesto polêmico durante a posse de Donald Trump, comparado à saudação nazista.
Recentemente, Musk já havia sido alvo de críticas por seu apoio vocal ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e por insultar repetidamente líderes políticos alemães em sua conta na rede social X, da qual é proprietário. Com a Alemanha no meio de uma campanha eleitoral, o bilionário descreveu o AfD como o “último raio de esperança para o país”. Ele também organizou um debate com a principal candidata do AfD, Alice Weidel, no X.
Redação